A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que aproximadamente 1% da população mundial esteja dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A suspeita do diagnóstico assusta e causa angústia em pais e familiares. Por isso, identificar os sintomas na criança é importante para a conclusão do diagnóstico e para o início do tratamento.
Durante as consultas, é muito comum ouvir de pais “Meu filho ainda não fala, mas é carinhoso e olha nos olhos” ou “Meu filho não gosta de ficar sozinho, ele sempre está perto de outras crianças”. Sabemos que tais afirmações são uma tentativa de negar possíveis características que levam ao diagnóstico do TEA. Mas, afinal, como saber se a criança é ou não autista?
O Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM), o mais utilizado na conclusão de diagnósticos, caracteriza como Transtorno do Espectro Autista o déficit persistente na comunicação social e na interação social, o que corresponde a um comprometimento na linguagem verbal (atraso ou ausência de fala) e também na não verbal (não aponta o que quer, mas utiliza-se da mão do outro para apontar e pegar o que deseja; não chama; não compartilha seus interesses).
Outro sintoma descrito no DSM são os padrões de comportamento, interesses e atividades restritos e repetitivos, ou seja, utiliza objetos para movimentá-los repetidamente e não para lhes atribuir função. O interesse restrito, anormal, pode apresentar-se também como: saber tudo sobre dinossauros, bandeiras ou países, permanecer centrados em seus interesses em vez de interagir com outras crianças e a insistência na mesmice.
Estes sintomas devem aparecer nos primeiros anos do desenvolvimento, mas podem não estar totalmente manifestados até que se tenha aumento das demandas sociais, como, por exemplo, frequentar a escola. Estas crianças podem ainda apresentar um bom relacionamento com a família, no entanto, em outros ambientes não conseguem se sair tão bem.
Sabe-se que hoje é possível identificar sinais de alerta em crianças a partir dos seis meses de idade, por meio da observação da interação social com seus familiares e do uso da linguagem não verbal. Se observadas alterações neste período, não significa que a criança é autista, mas é importante já ser acompanhada por uma equipe de profissionais especialistas no caso.
O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento da criança e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. Por isso, é muito importante estar atento aos marcos do desenvolvimento infantil, o que possibilita um diagnóstico precoce, intervenção terapêutica imediata e melhor prognóstico.