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AGIR


Melhoria da gestão clínica de um Serviço de Atendimento Domiciliar complexo para a eficiência baseada no perfil epidemiológico


19 de abril de 2024



Thiago Delano Alves Rodrigues Bernardes
Supervisor de Atenção Domiciliar (SAD) no HDS

O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) representa uma estratégia inovadora e altamente relevante no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa abordagem permite que pacientes que necessitam de cuidados de saúde continuados e não urgentes recebam tratamento no conforto de seus lares, evitando uma hospitalização, promovendo assim, uma gestão eficiente de recursos do sistema de saúde e um melhor aproveitamento dos leitos hospitalares. 

O SAD do Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta (HDS) foi implementado em dezembro de 2021 e já atendeu mais de 370 pacientes pelo SUS. Este serviço nasceu para fomentar uma cultura ainda em desenvolvimento no modelo de atenção à saúde: a desospitalização.

A desospitalização
A desospitalização estimula a antecipação da alta hospitalar para que o seguimento final de tratamentos possíveis seja realizado no ambiente domiciliar com a participação do paciente, familiares e cuidadores. Este processo eleva o grau de complexidade do cuidado domiciliar e permite a percepção de cenários desafiadores como, por exemplo, a alocação de recursos financeiros de forma mais expressiva para os níveis de maior complexidade. É evidente que, quanto maior o grau de complexidade do usuário e as suas necessidades de cuidado, maior é o desprendimento de esforços humanos e financeiros para garantia do cuidado domiciliar.

Dessa forma, foi realizado o planejamento da investigação detalhada do cenário considerando a série histórica já estabelecida de atendimentos do SAD HDS durante projeto de melhoria do Programa de Desenvolvimento de Líderes – PDL da Agir – Associação de Gestão, Inovação e Resultados em Saúde, organização social que administra a unidade. Esta investigação proporcionou o completo detalhamento do perfil epidemiológico dos usuários do serviço e as principais demandas clínicas e o respectivo impacto financeiro destas na dinâmica do serviço.

Para esta análise, foram utilizadas ferramentas da qualidade, alinhadas a uma visão de excelência operacional, que oportunizam métodos para a gestão analítica: diagrama de Ishikawa, diagrama de processo, análise de Pareto, Histogramas além da poderosa ferramenta assistencial de gestão clínica Projeto Terapêutico Singular (PTS) com o seu respectivo gerenciamento.

Principais descobertas
Com a implementação do projeto de melhoria, que ocorreu no SAD da unidade HDS, de agosto a novembro de 2023, as principais reflexões do projeto foram:
- 50% do consumo de produtos e materiais hospitalares (aproximadamente R$ 9.980,00) são direcionados aos pacientes com lesões de pele para realização de curativos. Apenas 33% dos pacientes (40) recebiam este tipo de atendimento.
- 30% do consumo de produtos e materiais hospitalares (aproximadamente R$ 5.900,00) são direcionados aos pacientes que realizaram antibióticos. Apenas 4% (6) dos pacientes recebiam este tipo de atendimento.
- O tempo de médio de permanência geral do paciente no serviço era de 210 dias. 

O perfil dos pacientes foi divido em três: Baixa Complexidade (AD1), Média Complexidade (AD2) e Alta Complexidade (AD3). O percentil de usuários para cada nível foi de 4% (8), 67% (80) e 29% (32), respectivamente.

Considerando os custos mencionados anteriormente e a variação de terapêuticas do cenário, o valor unitário (custo individual para cada paciente por mês) foi de R$ 1.795,00, R$ 1.969,24 e R$ 2.316,38, respectivamente, considerando o período de análise.

Os resultados obtidos
Com a implementação do gerenciamento clínico foi possível obter 22% (45 dias) de redução no tempo de permanência do usuário, uma vez que a estimativa de tempo foi personalizada de forma individual e levando em consideração as terapêuticas e o perfil de complexidade. Foi percebido, também redução de 45% (R$ 4.491,33) no custo setorial com insumos para curativos.

Os resultados apresentados foram chancelados com a satisfação do usuário, a partir da análise do Net Promoter Score (NPS) que foi mantido na zona de excelência tanto no pré-projeto quanto na pós implementação do projeto. 

Transição da cultura hospitalista
A transição da cultura hospitalista para a da desospitalização é uma mudança necessária no paradigma dos cuidados de saúde que está se tornando cada vez mais evidente na literatura científica. Essa transformação reconhece a necessidade de deslocar o foco tradicional da atenção médica centrada na instituição hospitalar para um modelo mais amplo, em que a ênfase se torna a promoção da saúde, prevenção de doenças e a gestão de condições crônicas fora do ambiente hospitalar.

Com a implementação deste projeto ficou claro que o detentor das informações, gerenciando os dados por meio de ferramentas de gestão apropriadas, é munido de conhecimento do cenário suficiente para a tomada de decisão com foco na qualidade assistencial para a performance elevada e o gerenciamento eficiente de recursos.