ARTIGO - Trauma: A doença de grande impacto epidemiológico e a prevenção como solução
Atualmente os traumas geram grande repercussão na vida das pessoas, altos índices de mortalidade e um impacto financeiro gigantesco para os sistemas de saúde. De acordo com a National Association of Emergency Medical Technicians, cerca de 1,2 milhões de pessoas morrem por ano no mundo por trauma, 3442 por dia e duas pessoas a cada minuto. Nos Estados Unidos da América (EUA) ocorrem 60 milhões de lesões por ano, onde 2,5 milhões vão precisar de hospitalização, 8,7 milhões ficarão inativos temporariamente e 300 mil permanecem inativos. No Brasil, o trauma é um problema de saúde pública, uma realidade preocupante, principalmente quando se pensa em acidentes de trânsitos, que possui uma média de um milhão de registros, matando cerca de 40 mil pessoas e deixando mais 370 mil feridos.
Com a evolução do conhecimento sobre o trauma, hoje ele pode ser compreendido como uma doença, pois nele existem os três fatores necessários da tríade epidemiológica para que uma doença ocorra. O hospedeiro que é o homem, um agente que causa a doença e um ambiente onde o agente e o hospedeiro possam se encontrar. Apesar dos resultados obviamente diferentes, a doença clínica e o trauma se comportam de forma semelhante, e a prevenção de doenças é possível a partir do entendimento dessa tríade epidemiológica.
A prevenção é apontada como a solução para os traumas, pois estes são totalmente evitáveis e não pode ser considerado como um acidente, pois acidente é um evento que ocorre por acaso ou resultante de causa desconhecida. Ou seja, as causas dos traumas são conhecidas e eles não são um evento resultante do acaso, mas sim falhas no processo de prevenção.
O impacto da prevenção na redução dos traumas tem sido evidente em países desenvolvidos, no entanto, sabe-se que em países em desenvolvimento ainda se tem um longo caminho a percorrer. Políticas devem ser criadas, leis de trânsitos rigorosamente seguidas e a conscientização da população deve acontecer para que esse panorama epidemiológico se altere. Acredita-se que começar a conscientização da população na infância, em escolas, pode ser um caminho de sucesso, para adultos mais conscientes e prudentes frente às situações possíveis para ocorrência de traumas.
O impacto dos gastos financeiros na assistência dos traumas no pré-hospitalar, hospitalar, reabilitação e de inatividade de produtividade, são alarmantes ao sistema de saúde. Nos EUA, estima-se que é gasto US$ 684 milhões com trauma fatal e não fatal e cerca de 5,1 milhões por ano por perda de produtividade. Pensar em estratégias mais efetivas de prevenção é o caminho a percorrer, onde os custos da prevenção são menos onerosos e resultam em diminuição na mortalidade e no impacto nas vidas das pessoas, ou seja, menos famílias destruídas resultantes de traumas. Pior do que uma vida perdida, é uma morte que poderia ter sido evitada.
Geovana Sôffa Rézio - Supervisora de Ensino e Pesquisa SUENPES/HUGOL
Lorena Morena Rosa Melchior - Tutora da Residência Multiprofissional em Urgência e Trauma – Núcleo de Enfermagem
Amanda Elis Rodrigues - Tutora da Residência Multiprofissional em Urgência e Trauma – Núcleo de Fisioterapia
Referências consultadas:
AEHLERT, B. Suporte Avançado de Vida em Cardiologia. Elsevier Editora, 2020. Disponível em: http://www.amape.com.br/wp-content/uploads/2019/09/ACLS-2020-EM-PORTUGUES.pdf
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BATISTA, D. V. A. et al. Fatores associados ao tempo da morte de vítimas de trauma: estudo de coorte retrospectivo.Revista de Enfermagem da UFSM, v. 11, p. 1-19, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/47475
NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS - Atendimento Pré-Hospitalar no Trauma. Oitava Edição, Burlington, MA, 2017, 709 p. ISBN 978-1-284-09917-1.
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