Hecad realiza cirurgia rara para correção de malformação gastrointestinal, urinária e reprodutiva
Cirurgiões pediátricos do Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (Hecad) realizaram nesta quarta-feira (12) procedimento cirúrgico raro em paciente com malformação dos órgãos do trato gastrointestinal, reprodutivo e urinário. “É uma cirurgia que tem um altíssimo nível de complexidade e foi realizada poucas vezes no Brasil. São cerca de oito horas de procedimentos no total, divididos em dois tempos cirúrgicos, para oferecer maior autonomia e qualidade de vida à criança, com a retirada das bolsas de colostomia e vesicostomia que ela usa hoje”, contou o cirurgião pediátrico André Luiz Costa.
O procedimento visa corrigir persistência de cloaca, malformação que atinge um a cada 25 mil nascidos vivos. A forma mais grave da anomalia faz com que a criança tenha apenas um orifício na região perineal para onde convergem os aparelhos genital, urinário e gastrointestinal e ocorre em cerca de 20% dos casos. “A complexidade de cada caso depende do tamanho da cloaca, da dilatação que a malformação acarreta nos órgãos da criança e do nível de fusão das estruturas. Esse caso especificamente é muito complexo porque une todas essas complicações”, explicou a cirurgiã Ana Amélia Pettersen.
A equipe envolvida na realização do procedimento contou com 11 profissionais de saúde, sendo quatro médicos. “Nós separamos e reconstruímos de forma definitiva cada canal, refazendo os sistemas urinário, intestinal e reprodutivo. Para isso, contamos com a ajuda de aparelho de vídeo e fizemos aberturas na região perineal e no abdômen da criança para ligar bexiga, intestino, útero à estruturas da uretra, reto e vagina”, contou o cirurgião pediátrico especialista em cirurgias gastrointestinais José Ferreira Silva.
“É uma cirurgia que muitas vezes precisava ser realizada fora do estado e que agora podemos realizar em Goiás, graças à estrutura de equipamentos e tecnologia do Hecad. A paciente ficará por um tempo em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) porque trata-se de um tratamento invasivo e de um quadro que inspira cuidados, mas depois poderá seguir a vida normalmente”, destacou Ana Amélia Pettersen.