Dignidade na dor com Paliativos — artigo assinado pela diretora-geral do HDS, Mônica Ribeiro Costa
Quando a medicina já não pode mais oferecer cura, o cuidado se torna a ferramenta mais poderosa para aliviar a dor, dar conforto e preservar a dignidade. Nos momentos em que o tempo passa a ter outro valor e a vida adquire novos significados, os Cuidados Paliativos emergem como um gesto profundo de respeito e humanidade.
Em Goiás, o Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária Colônia Santa Marta ( HDS ) tem se destacado como referência nessa abordagem, oferecendo leitos individuais totalmente custeados pelo SUS por meio da Unidade de Cuidados Prolongados ( UCP ). A proposta vai além da medicina tradicional. Ela se volta à escuta atenta, ao sofrimento físico e emocional, e ao apoio integral ao paciente e sua família.
A morte, aqui, não é um tabu. É tratado com respeito, cuidado e serenidade. A missão é clara: garantir que mesmo no fim da vida, haja qualidade, acolhimento e sentido. A definição da Organização Mundial da Saúde é objetiva e sensível: Cuidados Paliativos são uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e do alívio do sofrimento.
Essa assistência considera os aspectos físicos, emocionais, psicológicos e espirituais do processo de adoecimento. No HDS , isso se materializa com o trabalho de uma equipe multiprofissional preparada para lidar com cada detalhe dessa fase delicada. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e assistentes sociais atuam juntos para garantir um cuidado individualizado, ajustado às necessidades de cada paciente.
O grande diferencial da UCP está na estrutura: leitos individuais, que garantem mais conforto, privacidade e tranquilidade para pacientes e familiares. É um espaço de cuidado que respeita o tempo, a história e a sensibilidade de cada pessoa. É também a única unidade do estado com esse tipo de serviço pelo SUS. Desde sua criação, em dezembro de 2021, a Unidade de Cuidados Prolongados já acolheu mais de 3.500 pacientes em situação clínica complexa.
Um número que representa vidas acompanhadas com responsabilidade, carinho e empatia. A equipe também cuida de quem cuida. A dor da perda, a ansiedade diante do desconhecido e a exaustão emocional da família fazem parte do cotidiano desse tipo de assistência. Por isso, o HDS oferece acolhimento, esclarecimento e apoio aos familiares, promovendo uma experiência menos solitária e mais humana.
Apesar dos avanços, os Cuidados Paliativos ainda enfrentam obstáculos no sistema público de saúde, como a falta de informação, o preconceito cultural com a morte e a limitação de recursos. Ainda assim, o HDS tem investido na formação continuada dos profissionais, em fluxos internos bem definidos e na construção de uma cultura voltada para o cuidado integral.
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