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Festas de Fim de Ano: Crer alerta sobre impacto de fogos de artifício e música alta para autistas


27 de dezembro de 2024



A unidade destaca a necessidade de estratégias sensoriais e conscientização comunitária para garantir festas mais inclusivas e respeitosas

 A chegada das festas de fim de ano é marcada por momentos de alegria e celebração, mas também pode trazer desafios significativos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Atento a essa realidade, o Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), unidade do governo de Goiás especializada no atendimento a pacientes com TEA, ressalta as preocupações de familiares e profissionais quanto ao desconforto auditivo frequentemente vivenciado nesse período festivo.

Um dos fatores que contribuem para esse desconforto é a hipersensibilidade ou hiper-reatividade auditiva, um sintoma comum principalmente em crianças com TEA. Essa condição é caracterizada por uma aversão exagerada a certos tipos de barulho, como fogos de artifício, música alta e conversas simultâneas, que podem desencadear reações intensas e comportamentos interferentes.

 Para muitas pessoas neurodivergentes, os barulhos que passam despercebidos ou são considerados normais podem causar desconforto extremo. Entre as reações mais comuns estão crises de choro, comportamentos autoagressivos e heteroagressividade, além de um sentimento geral de desregulação sensorial. Esses desafios reforçam a importância de entender e respeitar as necessidades sensoriais dessas pessoas, principalmente em épocas comemorativas.

Lorrany Buarque de Araujo é mãe do pequeno Luiz Emanuel, de cinco anos, diagnosticado com autismo nível 3 de suporte e paciente do Crer há um ano, explica que apesar dos avanços significativos que Luiz tem conquistado com as terapias, os momentos de confraternização ainda exigem muitos cuidados. “Evitamos música alta e barulhos intensos. Optamos por som ambiente e um número reduzido de pessoas, sempre respeitando os limites do Luiz. Mas, infelizmente, nem sempre isso é suficiente. É preciso que todos colaborem. Quando vizinhos ou amigos ignoram nossas tentativas de conscientização, torna-se muito difícil. Muitos ainda acham que é frescura”.

Ao falar sobre os impactos do barulho no filho, Lorrany relata: “Ele fica muito agitado, chora, coloca as mãos nos ouvidos e pede ajuda. O sofrimento é visível, tanto físico quanto emocional. Ele tenta se esconder para fugir do que está sentindo”, explica Lorrany.

Estratégias para minimizar o desconforto

De acordo com a Terapeuta Ocupacional da Clínica Intelectual do Crer, Jackeline Karla Martins Bessa, existem medidas que podem ser adotadas para reduzir o impacto negativo de ambientes barulhentos em pessoas com TEA. Algumas das principais estratégias incluem:

  1. Uso de abafadores de ruído: Dispositivos que ajudam a reduzir a intensidade dos sons externos.
  2. Planejamento e previsibilidade: Manter uma rotina previsível, informando antecipadamente a pessoa autista sobre os eventos e os níveis de barulho esperados.
  3. Caixinha de regulação sensorial: Disponibilizar uma caixa com objetos que auxiliem na regulação, como brinquedos sensoriais, texturas ou itens que tragam conforto.
  4. Cantinho sensorial: Criar um espaço reservado que promova acolhimento e segurança, permitindo qfecue a pessoa se acalme e se regule.

“A meta é promover acomodações sensoriais que contribuam para uma melhor qualidade de vida e bem-estar do paciente”, explica Jackeline.

Além disso, a terapeuta ressalta a importância da conscientização comunitária. “É muito importante que a comunidade se organize para promover um ambiente regulado sensorialmente. Não soltar fogos de artifício, evitar músicas altas e adotar uma postura de acolhimento e não julgamento são atitudes que fazem toda a diferença. Pequenas mudanças podem criar um ambiente mais inclusivo para todos”, afirma a Terapeuta Ocupacional.