CEPT do HDS realiza evento on-line sobre a saúde mental no trabalho
Manter a saúde mental no trabalho tem se tornado desafiador, principalmente em tempos de pandemia em que todos ficam vulneráveis ao estresse e reconhecer os sinais da doença é importante para o êxito no tratamento. Dentro desta perspectiva, o evento realizado ontem, 26, pela Comissão de Ensino, Pesquisa e Treinamento do Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária e Reabilitação Santa Marta – HDS, trouxe à tona as dimensões clínicas do estresse e o impacto na geração de quadros psicopatológicos como a Síndrome de Burnout, suas principais formas de manifestação e o manejo clínico psiquiátrico.
Além disso, os profissionais abordaram sobre os aspectos de gerenciamento da saúde mental no trabalho através das relações institucionais e do clima organizacional. O evento aconteceu 100% on-line e contou com a participação do médico psiquiatra Hector Vinícius Cala, a psicóloga e mestre em Psicologia Organizacional e do Trabalho, Priscilla Paiva.
Priscilla Paiva destacou que o trabalho nada mais é do que o desgaste da energia em troca de resultados e para oferecer maior performance é preciso que o colaborador esteja imbuído de um sentimento de engajamento e adaptação ao ambiente laboral. A profissional afirma que a adaptação é um divisor de águas para proporcionar bem-estar ao colaborador e isso acontece quando a instituição proporciona a percepção de crescimento, pertencimento e desenvolvimento profissional. “As pessoas são o grande diferencial para as organizações, são elas que agregam valor, se tornando um diferencial competitivo e é através delas que as empresas alcançam as metas necessárias”, afirma Priscilla.
Carga de trabalho excessiva, gestão de pessoas ineficaz e não humanizada, insegurança laboral, entre outras, são os riscos psicossociais que causam prejuízo no andamento das atividades. “As pessoas precisam de descanso, uma carga excessiva de trabalho impacta na atenção e foco, aumentando até mesmo o risco de acidentes no trabalho”, diz Priscilla.
O psiquiatra Hector Vinícius falou sobre os dados de uma pesquisa feita pela União Europeia, a pesquisa identificou que o adoecimento mental representa 3,5% do PIB anual de um país. No Brasil em 2019, esse dado representou um custo de R$ 252,63 bi. “Quando a pessoa tem a saúde mental afetada, sua produtividade tende a cair e a capacidade de relacionar-se fica comprometida”, afirma. Entre as doenças que acometem os profissionais está a Sindrome de Burnout, designada como a síndrome do esgotamento profissional frente a um estresse crônico vinculado ao trabalho.
“O Burnout está presente em 30% dos trabalhadores em algum momento da vida profissional e o estresse sem fatores de alívio leva a um estágio de aflição, com prejuízo do desenvolvimento e da performance”, afirma Hector Vinícius. Para a compreensão sobre Bornout, o profissional fez uma analogia com a panela de pressão e a síndrome. “Para haver o cozimento dos alimentos de forma célere, é preciso que haja uma pressão equilibrada na panela e quando a pressão é exagerada, ocorre a explosão. Para que haja a pressão de forma moderada, é necessário a válvula de escape. No Burnout ocorre um excesso de fatores de estresse e sem uma válvula de escape ocorre o esgotamento do colaborador”, explica.
Os fatores de proteção como válvula de escape, seria manter uma rotina de atividades físicas, sociais, momentos de lazer, descanso ativo, sono de qualidade, alimentação adequada, conexões sociais, e ações que causam no indivíduo sensação de relaxamento. Para aqueles que são diagnosticados com a síndrome, o tratamento consiste em psicoterapia, tratar as comorbidades existentes e quando os sintomas são acentuados são usados medicamentos.